Prólogo
[ Narrador POV ]
Lee-san teve uma infância muito triste e sofrida. Perdeu sua mãe quando tinha apenas 5 anos de idade. Era a mais nova de 4 irmãos, dois meninos, uma menina e ela. Seu pai, um comerciante da pequena cidade onde viviam, lutava pra trabalhar e criar os filhos sozinhos, porém, essa tarefa se tornou impossível com o passar do tempo. Foi quando ele se casou novamente. Aparentemente, a madrasta era uma pessoa normal, mas na ausência do marido, ela maltratava as 4 crianças usando de toda a violência que ela podia. Numa trágica noite, o pai de Lee foi encontrado morto em uma rua deserta perto de sua loja. Sua mulher junto de seu amante foram os autores do crime. Poucos dias depois da tragédia, a mulher chamou seu amante pra morar na casa que era do seu falecido marido. As crianças órfãs ficaram sob os cuidados da madrasta. Uns poucos anos se passaram ... Lee e seus irmãos eram escravizados pela madrasta e seu amante. Eram obrigados a trabalhar e trazer dinheiro pra casa , fazer todo o tipo de serviço doméstico, e ainda eram abusados sexualmente pelo casal. Depois de mais alguns anos, os 4 irmãos já crescidos, não aguentavam mais tanto sofrimento e resolveram traçar um plano pra vingar a morte do pai e acabar de vez com todo aquele sofrimento. O irmão mais velho então colocou o plano em prática dando fim a maldita vida da madrasta e de seu amante. Sem dinheiro para se manterem, os 4 irmãos venderam a casa que era do pai. A casa era humilde e pequena, não conseguiram muito dinheiro com a venda, e ainda dividiram o que conseguiram igualmente pros 4. Cada um pegou sua parte e seguiu seu rumo. Os irmãos e a irmã de Lee-san sumiram no mundo, a deixando sozinha e sem saber o que fazer. Lee não tinha amigos nem parentes, seus irmãos eram as unicas pessoas que ela tinha,porém agora, não tinha mais. Com o pouco dinheiro que tinha, Lee pagava pensão pra não dormir na rua, e durante o dia, procurava emprego. Numa certa manhã de inverno, após uma entrevista de emprego sem sucesso, Lee foi caminhar na praia, olhar o mar, pensar na vida. E assim ela conheceu Emiko, uma menina linda, baixinha de cabelos azuis e branquinha. Emiko estava sentada em frente ao mar, lendo um livro, quando avistou Lee sentada um pouco adiante com uma garrafa de cana e um cigarro. Emiko se encantou por Lee e seu cabelo vermelho, então pensou numa maneira de ir falar com ela. Ela se aproximou devagar..
-- Olá!
-- Oi! [ Lee de cabeça baixa ]
-- Tudo bem?
-- Não! [ ainda de cabeça baixa ]
-- Poxa, desculpa! To incomodando?
-- Tanto faz [ Lee acende um cigarro ]
-- Vc pode me dar 1 cigarro?
-- Pega ae! [ Lee estende as mãos e entrega o maço de cigarros nas mãos de Emiko ]
-- Obrigada! Qual é seu nome?
-- Lee e o seu? [ Lee mais animadinha ]
-- Emiko. Muito prazer^^.
......E assim começaram uma grande ( e bota grande e colorida nisso ) amizade....
Em poucos dias...Emiko convidou Lee pra morar em sua casa. Lee-san não podia recusar o convite, afinal, era a única pessoa que, em tanto tempo, havia aparecido em seu caminho lhe oferecendo uma ajuda digna. Lee-san mudou-se pra casa de sua amiga, e não demorou muito para ambas serem promovidas a namoradas. Elas faziam de tudo juntas, cozinhavam, iam as compras, lojas, cinema, medico, etc..Pela primeira vez em sua vida de adulta, Lee-san fora tratada com carinho e respeito. Finalmente ela pode por em prática tudo de bom que seu pai havia lhe ensinado. Lee-san era uma pessoa muito amável^^.
Emiko havia emprerstado uma boa quantia em dinheiro pra sua namorada refazer sua vida, porém Lee-san fazia questão de lhe devolver tudo logo que pudesse. Alguns dias depois, o pai de Emiko ajudou Lee-san a arrumar um emprego, numa fábrica onde o dono era amigo dele. Lee ficou muito agradecida ao sogro e a namorada, o que seria dela se não fosse sua mais nova família? Lee-san ia muito bem no trabalho, era uma ótima funcionária. A fábrica ia muito bem, estava em expansão, cada dia mais o serviço aumentava, e assim chegaram as horas extras. Todos os dias Lee fazia hora extra, fato que muito incomodava Emi-chan. Isso não intimidou Lee-san, que só pensava em trabalhar, trabalhar e trabalhar. Ela guardava quase todo seu salário. Ela estava juntando pra pagar o que devia a sua namorada e o que sobrasse, continuaria guardado. Lee sentia um pavor muito grande quando se lembrava de seu passado e de tudo o que sofreu quando perdeu seu pai. Ela jurou em memória de seus pais jamais passar por aquelas humilhações novamente. Então, ela se dedicava cada vez mais ao seu trabalho e o pouco tempo que sobrava, dedicava a Emi-chan. Mas com o tempo, Emi-chan foi se mostrando uma menina mimada que queria atenção só pra ela e todos os dias cobrava isso de Lee-san. Mas Lee não cedia aos caprichos da namorada e continuava a se matar de trabalhar, ignorando qualquer reação de Emi-chan. Não conformada, Emi passou a seguir Lee pra ter certeza de que sua companheira estava mesmo trabalhando. Passados alguns dias, havia chegado o dia do aniversario de morte de seu pai, então Lee-san pediu pra sair mais cedo do trabalho, pois ia levar flores na tumba do seu ente querido. Nesse exato dia, Emi-chan resolveu ir buscar sua namorada no trabalho, e chegando lá, não achou ela na fabrica. Emi ficou furiosa. Ligava inúmeras vezes pro celular de Lee-san, mas Lee havia desligado o aparelho pra poder "conversar" com seu pai em paz. Emi voltou pra casa se descabelando de ódio. Mais tarde, Lee voltou pra casa, e quando chegou deu de cara com a namorada enfurecida:
-- Posso saber aonde vc estava? -- Emi interrogou Lee.
-- Oras...eu fui ao cemitério.
-- Fazer o que no cemitério Lee-san? -- perguntou possuída.
-- Fui levar flores pro meu pai. Hoje é aniversário de sua morte, então resolvi ficar um pouco com ele.
-- A quem vc pensa que engana Lee? -- Emi irredutível.
-- Eu não estou enganando a ninguém Emi-chan! Mas o que que foi hein? Deu pra desconfiar de mim agora? Te dou motivos pra isso? Menina Mimada!!! -- Lee irritada com a desconfiança de Emi.
-- Eu juro que te mato se descobrir que vc anda me sacaneando Lee-san! Eu juro! -- Emi descontrolada.
-- Emi-chan, jamais volte a me ameaçar! Exijo que vc me respeite, assim como sempre te respeitei e respeito!
-- Que se dane o seu respeito! To na sua cola...Lee-san! -- Emi debochada, neurótica e teimosa. Lee deixou Emi falando sozinha e foi tomar banho. Dia seguinte, Lee se arrumava pra trabalhar, e quando chegou até a porta pra sair, Emi entrou em sua frente, a proibindo de ir pra fábrica. Lee-san não permitiu ser controlada por Emi-chan, e assim ela o empurrou a deixando no chão,saiu de porta a fora e foi trabalhar. Aquilo não estava nada bom. Lee chegava em casa todos os dias cansada do trabalho e Emi só sabia infernizar com perguntas, acusações e ameaças. Era inferno antes de ir trabalhar e quando chegava do trabalho. Lee já não suportava aquela situação. No dia seguinte, Lee foi trabalhar, passando todo aquele inferno que já era de rotina. Na hora do almoço, Lee-san foi visitar uma casa que tinha visto pra alugar. Ela estava decidida. Ia deixar Emi-chan. Lee fechou negócio na imobiliária, preencheu uns papéis e pagou o que era cobrado. Com as chaves na mão, Lee voltou pra casa pronta pra enfrentar a diaba que a infernizava sem parar. Aquela seria a ultima briga. Lee entrou, esperou que Emi a ofendesse e acusasse de todas as formas. Quando Emi-chan terminou de falar, Lee-san apenas disse:
-- Acabou!
-- Acabou o que?
-- Eu e você!
-- Você ficou louca? Quer morrer?
-- Não tenho medo de você garota! E não preciso viver nesse inferno nãooooo!! ACABOU EMI-CHAN!CANSEI!
-- Eu sabia que você tinha outra pessoa...eu sabiaaaaaa!!!
-- Não...eu não tenho e nem quero ter! Para de me acusar sem eu ter culpa PORRRAAAAA!!!!!-- Lee realmente já tinha perdido toda a paciencia que lhe restava. Ela era apaixonada por Emi, mas o ciúme doente matou tudo de bom que Lee sentia pela sua menina....ou melhor...EX menina [ não, Emi não virou transex não! ex menina= ex namorada u.u ]. Lee rapidamente juntou suas poucas coisas e chamou um taxi. Emi mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Ela chorou, gritou, pulou, fez o diabo, mas Lee não se comovia. Simplesmente ela não estava com disposição pra sofrer. E assim, Lee-san foi embora, chegava ao fim todo aquele sofrimento. Ela deixou na cama um bilhete onde dizia: "Emi-chan, você é a culpada. Jamais faltei com respeito a voce! Mas voce não confiou em mim. Logo que eu puder, mandarei o dinheiro que lhe devo. Adeus." Emi sentia uma tristeza profunda mesclada a um ódio intenso, arrependimento, ela sentia varias coisas ao mesmo tempo. Passou dias e mais dias trancada em casa com depressão. Lee, na sua casa nova, sofria um pouco de solidão, mas e daí? Ela estava em paz e isso que importava. Ela tinha tudo o que precisava: seu cigarro, sua cachaça, comida e água quentinha pra tomar banho^^. Mas Lee não andava muito bem de saúde. Ela sentia sempre muitas tonteiras e calafrios. Ela resolveu procurar um médico. O médico pediu alguns exames de rotina e a examinou. Aparentemente Lee não estava doente. Com os resultados dos exames, o médico pode diagnosticar o que Lee tinha: Ela estava muito desgastada física e mentalmente. O médico passou alguns calmantes, vitaminas e exigiu que Lee tirasse umas férias. Lee resolveu seguir a ordem do seu médico. Meio que sem saber pra onde ir, Lee arrumou suas coisas e partiu sem rumo. No caminho ela foi pensando aonde poderia ir, então ela se lembrou que sempre quis conhecer Tokyo. E pra Tokyo ela se foi. Lee jamais imaginava o que a vida tinha reservado pra ela nessa viagem....
Próximo capítulo >>